Em carta, servidores do Ibama estimam que desmatamento na Amazônia pode crescer 28%

Previsão considera o intervalo entre agosto e julho, comparado com o mesmo período do ano anterior. Texto foi enviado ao vice-presidente Hamilton Mourão e outras autoridades. Em uma carta aberta, servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) disseram que o desmatamento neste ano na Amazônia pode ser 28% maior que no ano anterior. Na comparação com 2018, aumento é de 72%. A estimativa considera o intervalo entre agosto e julho na comparação com o mesmo período um ano antes. Servidores do Ibama estimam que desmatamento na Amazônia pode aumentar quase 30% em 2020 A carta, assinada por mais de 600 servidores do órgão, é dirigida ao vice-presidente Hamilton Mourão, que comanda o Conselho da Amazônia. Também foi endereçada a outras autoridades, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. Os servidores explicam que, até o dia 9 de julho, o desmatamento comparado com o ano anterior era 13% maior. Como ainda faltavam 21 dias, a tendência é que o número aumente. A área total desmatada na floresta pode chegar a 13 mil km². "Se no mês de julho deste ano constatar-se a metade do desmatamento que tivemos em julho de 2019, fecharemos o Deter [monitoramento em tempo real] dos 12 meses do período Prodes [sistema que consolida os dados] com 8. 672 km². Se a proporção entre o que é detectado com o Deter se mantiver na média de 66% do Prodes, podemos estimar um Prodes 2020 chegando na casa dos 13 mil km² de desmatamento na Amazônia, um aumento estimado de 28% em relação a 2019 e 72% em relação a 2018", afirmaram os servidores na carta. Alerta Os servidores lembram que em 2019 já tinham feito um alerta ao governo federal sobre a ascensão do desmatamento. De acordo com a carta, as medidas sugeridas no ano passado foram ignoradas pelas autoridades. Os técnicos do Ibama ressaltam que a preservação do meio ambiente deve ser encarada como uma questão estratégica no país. Como exemplo, citam que o agronegócio, uma das principais fonte das exportações brasileiras, pode sofrer sanções caso os países compradores consideram que a produção é feita em área desmatada ilegalmente. "Também integram essa equação o antagonismo e as manobras protecionistas de países cuja agricultura é menos produtiva que a brasileira. Impedir a destruição ambiental no Brasil possibilita inclusive o esvaziamento de pretextos para imposição de barreiras comerciais contra o Brasil. Seja como for, a conjugação de tais temas interessa à soberania nacional", completa a carta.

Notícia publicada em: G1.globo.com

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