Embaixada de Israel pede que menções ao Holocausto fiquem fora de debate político

Manifestação da embaixada acontece após ministro da Educação, Abraham Weintraub, comparar ação da PF no inquérito das 'fake news' à perseguição de judeus pelo nazismo. Confederação Israelita chama de ‘inaceitável’ fala de Weintraub sobre ‘Noite dos Cristais' A embaixada de Israel divulgou nota nesta quinta-feira (28) nota na qual pede para que o Holocausto, o povo judeu e o judaísmo “fiquem à margem do diálogo político cotidiano e as disputas entre os lados no jogo ideológico” no Brasil. A nota não cita o ministro da Educação, Abraham Weintraub, mas foi divulgada um dia após o integrante do governo declarar em uma rede social que a quarta-feira (27) será lembrada como a Noite dos Cristais brasileira. Entidades judaicas reagiram contra a publicação do ministro. A "Noite dos Cristais" foi uma onda de violência contra os judeus, ordenada pelo regime nazista de Adolf Hitler, na Alemanha. O evento revelou ao mundo a violência antissemita. Na nota, a embaixada de Israel, país com o qual o presidente Jair Bolsonaro intensificou as relações do Brasil, registra que houve aumento do uso do Holocausto no “discurso público”, o que de “forma não intencional banaliza sua memória e a tragédia do povo judeu”. “Em nome da amizade forte entre nossos países, que cresce cada vez mais há 72 anos, requisitamos que a questão do Holocausto como também o povo judeu ou judaísmo fiquem à margem do diálogo político cotidiano e as disputas entre os lados no jogo ideológico”, diz trecho da nota. Leia a íntegra da nota ao fim desta reportagem. Na Alemanha nazista, nas décadas de 1930 e 1940, o Holocausto levou à morte de cerca de 6 milhões de judeus. Segundo a nota, a embaixada reforça que o Holocausto não deve ser “usado cotidianamente, mesmo em casos que sejam considerados extremos”. “Nada é tão extremo como o Holocausto, não apenas para os judeus, mas também para outras minorias que sofreram na Europa e no mundo”, diz a nota. Publicações do ministro da Educação Weintraub se referiu na rede social ao fato de a Polícia Federal ter cumprido mandados de busca e apreensão no inquérito que apura ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal e a disseminação de "fake news". Entre os alvos estavam empresários e youtubers que apoiam o presidente Jair Bolsonaro. Polícia Federal faz buscas em endereços de Roberto Jefferson, Luciano Hang e blogueiros "Cresci escutando como os Weintraub foram caçados e como sobreviveram ao inferno de Hitler. Escutei como a SS Totenkopft entrava nas casas das famílias inimigas do Nazismo. Nesse momento sombrio, digo apenas uma palavra aos irmãos que tiveram seus lares violados: LIBERDADE!”, publicou Weintraub, que acrescentou: "Hoje foi o dia da infâmia, vergonha nacional, e será lembrado como a Noite dos Cristais brasileira. Profanaram nossos lares e estão nos sufocando. Sabem o que a grande imprensa oligarca/socialista dirá? SIEG HEIL!". Nesta quinta, Weintraub voltou a publicar comentário no mesmo sentido. "Primeiro, nos trancaram em casa. Depois, brasileiros honestos buscando trabalho foram algemados. Ontem, 29 famílias tiveram seus lares violados! Sob a mira de armas, pais viram suas crianças e mulheres assustadas terem computadores e celulares apreendidos! Qual o próximo passo?”. Leia a íntegra da nota divulgada pela embaixada de Israel ​​Houve um aumento da frequência de uso do Holocausto no discurso público, que de forma não intencional banaliza sua memória e também a tragédia do povo judeu, que terminou com o extermínio de 1/3 do nosso povo por ódio e ignorância dos nazistas e seus colaboradores. Em nome da amizade forte entre nossos países, que cresce cada vez mais há 72 anos, requisitamos que a questão do Holocausto como também o povo judeu ou judaísmo fiquem à margem do diálogo político cotidiano e as disputas entre os lados no jogo ideológico. O Holocausto é algo que não desejamos a nenhuma nação, e enfatizamos que isso não seja usado cotidianamente, mesmo em casos que sejam considerados extremos. Nada é tão extremo como o Holocausto, não apenas para os judeus, mas também para outras minorias que sofreram na Europa e no mundo. Holocausto nunca mais!​

Notícia publicada em: G1.globo.com

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