Com 2.825 pontos de incêndio, Pantanal tem pior outubro da história, indicam dados do Inpe


Recorde foi batido a 3 dias do fim do mês. Número mais alto anterior para o mês era de 2002, quando foram registrados 2.761 pontos de fogo no bioma, segundo monitoramento do instituto, que começou em 1998. Veterinário mostra as patas queimadas de uma onça-pintada, com queimaduras de terceiro grau por causa do fogo no Pantanal, no dia 27 de setembro. A onça é uma de duas que foram resgatadas do bioma e receberam tratamento em Corumbá de Goiás (GO). Eraldo Peres/AP O Pantanal já tem o pior mês de outubro em focos de incêndio da história: desde o dia 1° até a quarta-feira (28), dados mais recentes disponíveis, foram registrados 2.825 pontos de fogo no bioma, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O recorde até então para o mês era de 2002, quando haviam sido registrados 2.761 focos. O monitoramento do Inpe começou em 1998. Os focos de outubro também já haviam ultrapassado, 15 dias antes do fim do mês, o total visto no mesmo período do ano passado. As altas de outubro vêm depois de o bioma ter a pior quantidade de incêndios mensais na história – para qualquer mês – em setembro. Antes disso, nos primeiros 17 dias de setembro, os recordes para aquele mês também já haviam sido ultrapassados. O bioma também registrou o pior julho e o segundo pior agosto da história. Em setembro, este ano se tornou o pior em pontos de fogo no Pantanal – que, até 2018, era o bioma mais preservado do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Antes do mês passado, o acumulado mais alto havia sido registrado em 2005, com 12.536 focos em todo o ano (veja gráfico acima). A alta neste ano já é de 68%. Chuva não indica fim da seca Após seca e queimadas, chuva forte atinge o Pantanal no fim de semana O Pantanal enfrenta a sua pior seca em 47 anos – o que contribui para o alastramento do fogo. O bioma pantaneiro é a maior planície alagada do mundo, mas, quando não chove, a planície não alaga, o que permite que o fogo se espalhe. Apesar da chuva vista recentemente no bioma (veja vídeo acima) – que fez os números de focos de incêndio caírem bastante em alguns dias deste mês – especialistas alertam que ele deve demorar a se recuperar. "Não vai ser uma chuva que vai transformar a condição de seca. Os impactos causados por essa longa estiagem vão atuar ainda algum tempo na região", afirma o pesquisador Marcelo Parente Henriques, da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), empresa pública brasileira. O solo – que oscila entre vegetação e sedimento, segundo Henriques – vira uma biomassa que fica como uma turfa apodrecida, "um excelente material para queima", diz o especialista. Os seis fatores que tornam incêndios no Pantanal difíceis de serem controlados Com atribuições do Serviço Geológico do Brasil, a CPRM monitora, entre outros dados, os níveis dos rios brasileiros. Segundo o último boletim do serviço, do dia 22, os níveis do Rio Paraguai, que é responsável pela inundação do Pantanal, ficaram estáveis pela primeira vez depois de quedas que duraram até a semana anterior. Amazônia Foto mostra tamanduá morto depois de incêndio na Amazônia perto de Mirante do Norte, Rondônia, no dia 20 de agosto. Ueslei Marcelino/Reuters O número de focos de incêndio na Amazônia também vem alcançando altas históricas: as queimadas na floresta este ano já ultrapassam as vistas em todo o ano passado. De janeiro até quarta-feira (28), o bioma tinha registrado 91.873 pontos de incêndio, 2.697 a mais do que os contabilizados de janeiro a dezembro de 2019. Além disso, o acumulado de pontos de fogo na floresta vistos de janeiro a setembro foi o maior desde 2010. Embates com o governo: voo Manaus-Boa Vista Citado por Bolsonaro, voo Manaus-Boa Vista passa por cidade de RR com mais focos de incêndio em 2020 Os dados de queimadas têm causado embates com o governo federal. No mais recente, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que não era possível avistar "nada queimado" ou "selva devastada" em um voo entre as cidades de Manaus e Boa Vista. Dados do próprio governo, entretanto, mostram que essa rota cruzaria o céu da cidade em Roraima com mais focos de queimadas neste ano: Rorainópolis. Além disso, o voo passaria por municípios que acumularam 20,5 mil hectares de desmatamento de agosto de 2018 a julho de 2019: Presidente Figueiredo (AM), Caracaraí (RR) e a própria Rorainópolis. VÍDEOS: incêndios no Pantanal

Notícia publicada em: G1.globo.com

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