Noruega financia mapeamento de florestas tropicais por satélite em esforço contra desmatamento
Mapa, com imagens de alta resolução, cobre 64 países, inclusive o Brasil, e será atualizado mensalmente. O mapa, com imagens de alta resolução, cobre 64 países, inclusive o Brasil, e será atualizado mensalmente Planet Labs Inc A Noruega está financiando um conjunto de dados de satélite exclusivo sobre as florestas tropicais do mundo, como a Amazônia brasileira — o que pode representar um "divisor de águas" na luta contra o desmatamento. Queimadas na Amazônia em 2020 passam número registrado em todo o ano de 2019 O mapa, com imagens de alta resolução, cobre 64 países, inclusive o Brasil, será atualizado mensalmente. Seu diferencial é que poderá ser acessado por qualquer pessoa e gratuitamente. O governo norueguês está financiando o projeto por meio de sua Iniciativa Internacional para o Clima e as Florestas (NICFI). O conjunto de dados deve ser "uma enorme ajuda na luta contra o desmatamento", de acordo com Sveinung Rotevatn, ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega. "Há muitas partes do mundo onde imagens de alta resolução simplesmente não estão disponíveis, ou onde estão disponíveis — as ONGs, comunidades e universidades nesses países não podem pagá-las porque são muito caras", diz ele à BBC. Satélites Dove obtêm imagens de toda a superfície terrestre da Terra uma vez por dia Planet Labs Inc via BBC "Então, decidimos pagar a conta do mundo, basicamente", acrescenta. O NICFI concedeu um contrato de US$ 44 milhões (R$ 250 milhões) a Airbus, Planet e Kongsberg Satellite Services (KSAT) pelo acesso a fotos e conhecimento especializado. A gigante aeroespacial europeia Airbus está abrindo seu arquivo de imagens Spot desde 2002. A Planet, sediada nos Estados Unidos, opera a maior constelação de satélites de imagem em órbita atualmente. A empresa sediada em San Francisco, na Califórnia, obtém uma imagem completa da superfície terrestre diariamente (se as nuvens permitirem) e fornecerá a maior parte dos dados para o mapa mensal daqui para frente. A KSAT unirá as informações e fornecerá suporte técnico aos usuários. Imagens de satélite são importantes para o combate ao desmatamento. Com 2,5 mil focos de incêndio em 14 dias, Pantanal já tem segundo pior outubro da história Acumulado de focos de incêndio na Amazônia de janeiro a setembro é o maior desde 2010, indicam dados do Inpe Um vídeo divulgado pela Planet mostra, por exemplo, um trecho da Amazônia brasileira sendo sistematicamente derrubado ao longo de um período de três anos. Para o CEO da Planet, Will Marshall, o novo projeto resume a missão de sua empresa. "Nossa missão, quando criamos a empresa, era ver mudanças em todo o planeta e ajudar as pessoas a tomarem decisões mais inteligentes. E o exemplo canônico para nós foram as florestas". "(Nós prevíamos) uma resolução de 3 m por pixel e uma revisão diária. Você precisa ser capaz de ver o que está acontecendo com cada árvore individualmente e precisa dessa revisão rápida para interromper o desmatamento no ato, em vez de apenas contar as árvores perdidas em o fim do ano." A Planet vai usar seus satélites Dove para verificar alterações no solo de até 3,7 m de diâmetro. Uma nova iteração dessas espaçonaves está sendo lançada com sensores de câmera que têm o dobro do número de bandas espectrais, aumentando sua capacidade de avaliar a saúde das árvores. A empresa franqueou o acesso a seu portal Explorer no dia 22 de outubro ao público em geral — basta preencher um cadastro rápido em seu site: www.planet.com. Os dados também podem ser obtidos por meio do Global Forest Watch. "É importante lembrar que muito do desmatamento que estamos vendo em muitos países é desmatamento ilegal", diz Rotevatn. "Portanto, não são os governos que pressionam pelo desmatamento ou mesmo o endossam, em geral. Pelo contrário, são atores ilegais; e os próprios governos precisam de mecanismos para ver onde estão os problemas, onde precisam aplicar a lei e para onde as coisas estão indo na direção certa." Segundo Will Marshall, da Planet, "este projeto funcionará em escala global, ou na escala de 64 países — mas local o suficiente para que suas informações possam fortalecer a ação em campo. Estamos tentando conseguir isso de uma forma que seja tão democratizante quanto possível, para que qualquer pessoa possa utilizá-lo. Não é necessário um doutorado em processamento de imagens de satélite para saber o valor dele." VÍDEOS: Mais vistos no G1 nos últimos 7 dias
Notícia publicada em: G1.globo.com