Em meio a crise, Ibama usa só 2 de 20 minutos para falar de Fundo Amazônia no STF
Presidente do órgão, Eduardo Bim, afirmou que doações têm grande impacto no orçamento das ações ambientais. Audiência durou 4 horas e meia; ação no STF questiona paralisia do fundo. O presidente do Ibama, Eduardo Bim, utilizou apenas dois dos 20 minutos a que tinha direito nesta sexta-feira (23) para defender a importância dos recursos do Fundo Amazônia no orçamento do órgão. O gestor disse que o dinheiro tem "papel fundamental" nas ações do Ibama, mas abriu mão de detalhar como a verba é aplicada. O Ibama chegou a paralisar as atividades de combate a queimadas nesta semana, justamente por falta de recursos. Na quarta, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, determinou que todas as equipes ligadas ao PrevFogo, do Ibama, suspendessem as missões. Nesta sexta, o Ministério da Economia anunciou a destinação de mais recursos para órgãos ambientais. A fala resumida de Eduardo Bim ocorreu em uma audiência pública do STF sobre a paralisação do Fundo Amazônia. Os recursos doados por países europeus estão congelados por conta de divergências entre os governos – o projeto mais recente foi aprovado ainda em 2018. O evento foi convocado pela ministra Rosa Weber, relatora de uma ação de partidos de oposição que apontam "omissão" da União na gestão desses recursos. Não há data para o julgamento desse processo. Na mesma audiência, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o governo decidiu não recriar o Conselho Orientador do Fundo Amazônia, extinto há mais de um ano, porque os países europeus não concordaram com mudanças no modelo de gestão. Ibama determina que brigadas de combate a incêndio retornem às atividades Argumentação rápida Entre todas as autoridades convidadas a falar na audiência pública, o discurso de Eduardo Bim foi o mais curto. Ao contrário de Salles, dos secretários estaduais de Meio Ambiente e do representante do Conselho da Amazônia Legal, Bim sequer entrou no mérito da discussão sobre o Fundo Amazônia em si. Nos dois minutos ao microfone, além de cumprimentar os presentes, o presidente do Ibama afirmou que o Fundo Amazônia tem grande importância para complementar o orçamento do instituto. E que, se o fundo seguir paralisado ou for extinto, o Ibama terá de buscar novas fontes de recursos. "Então, a contribuição do fundo para o Ibama é uma contribuição muito relevante, é, de suplementação orçamentária. E se o fundo não for utilizado, deixar de existir etc., a gente vai ter que buscar esses recursos orçamentários em outras fontes que não o Fundo Amazônia. A gente tem uma carência de recursos no Brasil. Mas enfim, é uma questão de rearranjo orçamentário, votação da peça pelo Congresso Nacional, da Lei Orçamentária Anual", resumiu Bim. Na quarta (22), o Ibama divulgou nota para afirmar que a "exaustão de recursos" tinha levado ao recolhimento das brigadas de combate a incêndios florestais. A verba acabou justamente no ano em que a Amazônia e o Pantanal enfrentam uma seca histórica e, com isso, batem recordes no número de focos de incêndio e na área total devastada. 'Dinheiro não está caindo na conta do Ibama', disse Eduardo Bim na quinta; relembre De acordo com Eduardo Bim, desde 2014, o Ibama recebeu R$ 212 milhões do Fundo Amazônia. Parte desse dinheiro foi destinada justamente ao Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), cujas ações foram interrompidas por falta de verba em 2020. Nesta sexta (23), o Ministério da Economia informou em nota que remanejará R$ 30 milhões para o Ibama e outros R$ 30 milhões para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A paralisação do Fundo Amazônia afeta, principalmente, o financiamento de novas iniciativas – o projeto mais recente foi aprovado ainda no governo Michel Temer, em 2018. Como as tratativas com o Ibama são anteriores, segundo a fala do próprio presidente do órgão, há recursos previstos até o ano que vem. Íntegra Confira, abaixo, a íntegra do discurso de dois minutos do presidente do Ibama, Eduardo Bim: "Obrigado, ministra. Boa tarde, ministra Rosa Weber. Boa tarde, ministro Fachin. Cumprimento todos os ministros da corte. Doutor Juliano, ministro Levi, Simanovic do ICMBio, secretários estaduais que compõem, boa tarde. O Fundo Amazônia, eu vou ser breve. Não pelo horário, mas pela objetividade da informação e, obviamente, estando à disposição para complementá-la. O Fundo Amazônia, para o Ibama, tem um papel fundamental desde 2014 na suplementação orçamentária. Dois focos de anteprojetos foram efetuadas [sic]. Uma de fiscalização, no valor de R$ 196 milhões de 2016 para cá, até 2021. A outra, um pouco mais antiga, em 2014, com o Prevfogo. Ajudando a equipar o Ibama, ajudando a construir o Centro de Logística e Sala de Situação do Prevfogo, né, que serve para o país inteiro. Então, a contribuição do fundo para o Ibama é uma contribuição muito relevante, de suplementação orçamentária. E se o fundo não for utilizado, deixar de existir etc., a gente vai ter que buscar esses recursos orçamentários em outras fontes que não o Fundo Amazônia. A gente tem uma carência de recursos no Brasil. Mas, enfim, é uma questão de rearranjo orçamentário, votação da peça pelo Congresso Nacional. Da Lei Orçamentária Anual. Resumindo, Excelência, é isso. R$ 212 milhões no total desde 2014 para o Ibama, como suplementação orçamentária. Uma parte desse dinheiro, sendo gasta até 2021 na fiscalização. Ele paga uma percentagem relevante dos nossos contratos de helicópteros e de locação de veículos, que são fundamentais para a fiscalização ambiental. É o papel dele hoje, internamente no Ibama. Mas, genericamente falando, ele tem o papel de apoiar o orçamento do Ibama. Embora ele entre via orçamentária, ele tem uma incorporação orçamentária. Esse dinheiro vem lá pro BNDES e o orçamento o Congresso vota e incorpora ele no orçamento do Ibama. Resumindo, é isso. Excelência. Estou à disposição para responder qualquer questionamento. Agora ou depois."
Notícia publicada em: G1.globo.com
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